Porque estamos sujeitos ao desequilíbrio do mundo? Desequilíbrio equilibrado. Falo dos sucessos e dos fracassos que alguns acumulam mais que outros, em proporções, amplitudes, as mais variadas. Procuro um consolo na idéia de que se só houvessem sucessos na minha vida me tornaria uma pessoa prepotente e arrogante. Ainda bem que existem os fracassos para baixar a bola da gente. Então hoje foi um daqueles dias de fracasso doído, quando as dificuldades de se trabalhar em equipe, de depender de outros, de ter que coordenar te desafiam para além dos limites. Pois tudo o que se quer e se fez a vida inteira foi funcionar em cima dos pedidos dos outros. Preciso disso, tome aqui. Você aperfeiçoa o seu peixe, engorda, ensina truques, doura a pílula, mas ela continua valendo o que o mercado dá. Aí você muda de ramo. E tem que penar pra aprender as novas regras, os macetes. E tem que aprender a avaliar outros. Julgar, segundo objetivos que nem sempre são seus. Então eu vi os 5 garotos saírem depois de 10 dias em que o sonho foi se aproximando, devagar, até os tocar. Você comanda uma guerra de uns contra outros. Uma corrida de obstáculos: preenchimentos on-line, contatos, exigências mis, roda, "mas é assim, mas não é assim". E tudo termina na beira da praia. Os meninos se vão desolados, sem suas bolsinhas de pesquisa. São estudantes, alguns de baixa renda, ou quase isso, que deram um pouco mais que duro pra entrar na faculdade. Ótimos alunos. Você alimentou o sonho e não pôde realizar. Você viu 5 meninos que deveria cuidar se irem perdidos na sua desolação. Quase tão perdidos quanto você mesma. E seu eu fracassado se solidariza ainda mais com eles. Seu eu anti-fracasso, anti-classificações, pacífico e amante da diferença, da tolerância, se rebela contra qualquer forma de racionalização idiota que se cala perante uma verdade única, que é a sua cumplicidade com o desequilíbrio injusto do mundo. E você se (a) sujeita ainda assim.
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